O nascimento do bebê marca o início de uma fase de muita alegria, mas também de adaptação da mulher ao papel de mãe. Esse período de transição é chamado de puerpério, uma palavra que abrange uma série de mudanças, tanto do ponto de vista físico, como do emocional.
Para entender as principais situações que a nova mãe terá de encarar durante esse processo, conversamos com a psicóloga Eleonora Jabur Nowak. Ao final, ela dá dicas que podem ajudar a mulher a atravessar essa fase. Continue a leitura!
O que é o puerpério e quanto tempo dura?
Segundo Eleonora, do ponto de vista médico, o puerpério é o período de até 60 dias após o parto, tempo médio que o corpo e seus órgãos internos levam para voltar ao estado pré-gravidez, com exceção das mamas – se a mãe amamentar seu bebê, as mamas só voltarão ao estado prévio após encerrado o período de amamentação.
Sob o olhar da psicologia, porém, o puerpério não tem uma data definida para terminar. “O corpo físico pode até voltar ao seu estado original, mas a percepção da mulher de seu próprio corpo não será mais a mesma”, diz.
Do ponto de vista emocional, o puerpério traz uma série de mudanças na vida da mulher, do casal e da família.
“Pensando na cadeia geracional, a mulher passa de filha a mãe, e a mãe passa de mãe a avó. Essa ‘dança das cadeiras’ coloca em xeque os papéis sociais, além de trazer à tona o envelhecimento e a finitude. Isso muitas vezes pode provocar angústias em todos”, diz a psicóloga.
O que acontece no puerpério?
Além da privação de sono e o desgaste físico do pós-parto, a psicóloga elenca algumas das situações de conflito que costumam ocorrer na vida da puérpera:
Com a família
“Às vezes as avós (e também as mães) têm dificuldade em entender de onde partirão as decisões acerca dos cuidados do bebê. Elas podem ter comportamentos invasivos, e as mães por vezes se sentem inseguras e desacreditadas”, ela diz.
Na vida em casal
“Temos duas pessoas, com costumes e crenças diferentes, que terão que tomar decisões em conjunto a respeito da criação de um filho. Além disso, a dinâmica do casal, que já estava organizada, se desorganiza com a chegada de um terceiro, o bebê”, diz a psicóloga.
Com o bebê
“Há uma mãe que ainda não entende as necessidades ou os desconfortos do filho. Tenta, junto com ele, criar uma via de comunicação eficiente para poder ajudá-lo. Esse trabalho intenso, além de exaustivo, é muitas vezes angustiante”, conta.
Com a nova rotina
“O tempo da mãe não é mais somente dela. Ela precisa dividi-lo com as necessidades do bebê. Se anteriormente ela decidia de acordo com seus desejos, agora ela precisa pensar em seu filho também”, diz Eleonora.
Com os próprios sentimentos
“A chegada do bebê traz também uma série de perdas! É preciso reconhecer e não se culpar por sentir falta das coisas que perdeu com o nascimento de um filho, como a autonomia, a liberdade, poder dormir o quanto quiser, etc.”, explica.
Dicas para quem está passando pelo puerpério
Peça e aceite ajuda!
“Muitas vezes pensamos que devemos dar conta de tudo, mas isso é impossível – em especial no puerpério”, ressalta.
Não se culpe pelas falhas
“Elas fazem parte e inclusive são importantes para que o bebê se desenvolva!”, ressalta.
Tire um tempo só para você
“Pode ser tirar um cochilo, tomar café com uma amiga ou simplesmente ficar quieta sozinha. Esses respiros na rotina podem trazer muito alívio”, indica.
Informe-se sobre o pós-parto
Fazer um curso para gestantes, um pré-natal psicológico e conversar com outras mães podem ajudar a se preparar para o puerpério.
Olhe para dentro, para si mesma
“É a partir daí que deve tomar suas decisões. Levando em consideração seus desejos, suas necessidades e seus limites”, enfatiza.
A psicóloga também ressalta que a rede de apoio pode fazer toda a diferença para a mulher durante o puerpério.
Precisa de auxílio para atravessar seu período de puerpério? Não hesite em procurar ajuda médica ou psicológica para investigar uma possível depressão pós-parto.
Agora que você entende o que é o puerpério, compartilhe este artigo com outras mulheres que estejam passando por essa fase!
A pediatra Dra. Fernanda Misumi fala sobre esse tema neste vídeo publicado no canal de Regenesis:
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