A gestação traz uma série de transformações no corpo da mulher, impulsionadas por alterações hormonais que afetam desde o humor até a saúde da pele e dos cabelos. Embora muitas gestantes percebam cabelos mais brilhantes e volumosos, é possível que algumas enfrentem justamente o oposto: a queda de cabelo na gravidez e também no pós-parto.
Com a ajuda da Dermatologista Samanta Nunes, vamos entender por que isso acontece e o que pode ser feito para preservar a saúde dos fios.
A queda de cabelo na gravidez é normal?
Durante a gestação, geralmente os cabelos ficam mais grossos e mais fortes, devido ao boom de hormônios femininos que prolongam a fase de crescimento dos fios, chamada de fase anágena”, explica a Dra. Samanta.
Se houver doenças preexistentes, no entanto, como alopecias, a gestante começa a gravidez com um “estoque” menor de fios saudáveis e folículos mais sensíveis. Quando ocorrem flutuações hormonais, há menos fios para compensar os que caem e a queda aparece com maior intensidade.
Uma avaliação antes da gravidez pode ajudar a minimizar possíveis alterações resultantes das variações hormonais previstas na gestação e no pós-parto”, alerta a dermatologista.
O que são alopecias? Alopecia refere-se a qualquer condição que provoque queda de cabelo além do habitual. As causas são variadas e incluem fatores genéticos e hormonais (como alopecia androgenética), deficiências nutricionais, medicamentos, infecções, doenças autoimunes e traumas. O diagnóstico adequado geralmente combina exame clínico, histórico detalhado e, se necessário, exames específicos. |
Por que o cabelo da mãe cai depois do parto?
Após o parto, pode acontecer o que chamamos de eflúvio telógeno, uma queda fisiológica de cabelos que pode variar de intensidade. Trata-se de uma condição benigna em que muitos fios entram prematuramente na fase de repouso (telógena) e caem ao mesmo tempo.
Costuma surgir cerca de 2 a 3 meses após um “gatilho” como parto, estresse intenso, febre ou alterações hormonais, mas, na maioria dos casos, o volume retorna gradualmente quando a causa é controlada.
“Esse processo é natural, já que o organismo está se readaptando aos níveis hormonais normais. As quedas podem ser amenizadas com tratamentos indicados por um dermatologista, e inclui suplementos específicos para cabelos e unhas, e/ou loções capilares e até infiltrações capilares”, explica a Dra. Samanta.
Já os casos excepcionais podem ser mais intensos, durar por mais tempo ou terem efeitos permanentes. Para eles, é essencial o acompanhamento de um dermatologista, que vai indicar a melhor solução para amenizar os efeitos e acelerar o processo de recuperação.
Quando tempo dura a queda de cabelo após o parto?
A retomada do padrão normal de queda dos fios tende a acontecer de 6 a 12 meses após o final da gravidez.
Qual é a melhor vitamina para queda de cabelo pós-parto?
Primeiramente é importante avaliar a função tireoideana (TSH) e a dosagem de ferritina. Alterações importantes podem sugerir a necessidade de suplementação de ferro e terapia com reposição de vitaminas.
A tiamina (vitamina B₁) e o cálcio geralmente são indicados: eles estimulam o metabolismo celular no bulbo capilar, ajudando a acelerar a recuperação dos fios. Outras substâncias como queratina, levedura, L-cisteína e ácido paraminobenzoico podem atuar como coadjuvantes para fortalecer o couro cabeludo.
A necessidade de cada suplemento e a dosagem ideal devem ser sempre avaliadas e prescritas pelo seu médico.
O que grávidas podem fazer no cabelo com segurança?
Durante a gravidez, as mulheres devem evitar o uso de produtos com substâncias que podem ser absorvidas pelo couro cabeludo e chegar ao sangue, como tinturas, alisamentos ou qualquer um que contenha chumbo, amônia, formol e formaldeído em sua fórmula, pois são tóxicos para o bebê.
Por isso, para cuidar dos cabelos, a Dermatologista Samanta Nunes indica a lavagem com shampoo sem sulfato, adequado para o tipo de cabelo, e uma hidratação também de acordo com o tipo de cabelo – o que pode ser feito simplesmente com o condicionador ou uma máscara de hidratação mais potente.
Lembre-se: na gestação, quanto menos produtos químicos, melhor!
Referências
Manual de assistência pré-natal / Sérgio Peixoto. — 2a. ed. — São. Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. (FEBRASGO), 2014; [citado 2025 maio 18]. Disponível em: https://www.abenforj.com.br/site/arquivos/manuais/304_Manual_Pre_natal_25SET.pdf
Sociedade Brasileira de Dermatologia. Eflúvio telógeno [Internet]. São Paulo: Sociedade Brasileira de Dermatologia; n.d. [citado 2025 jul 13]. Disponível em: https://www.sbd.org.br/doencas/efluvio-telogeno/
Manual MSD – Versão Profissional. Alopecia [Internet]. São Paulo: Manual MSD – Versão Profissional; n.d. [citado 2025 jul 13]. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-de-pelos-e-cabelo/alopecia
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