Boca saudável, corpo saudável
Existem vários mitos a respeito de como fazer um pré-natal odontológico, e até por conta disso o cuidado com os dentes acaba sendo colocado em segundo (ou terceiro) plano durante a gestação. Mas essa falta de atenção pode trazer vários problemas para a gestante e o bebê, de cáries e questões periodontais até a perda de estrutura dental, passando pelo parto prematuro e baixo peso da criança.
Escovar os dentes após as refeições, utilizar o fio dental diariamente e visitar o dentista regularmente são cuidados que devem existir a qualquer momento, especialmente na gestação.
“A prevenção é a maior aliada para a manutenção da saúde e uma higiene bucal eficiente é capaz de prevenir grande parte dos problemas bucais que a gestante pode ter”, explica Juliana Goldman, Cirurgiã-Dentista e especialista em ortodontia.
De acordo com Juliana, as pastas de dente devem ter uma concentração de 1.100 a 1.500 ppm de flúor – mas a suplementação de flúor não é indicada para gestantes.
“Seu consumo excessivo pode prejudicar a formação dos dentes do bebê. A higiene adequada, seguindo as orientações do dentista, já representa uma boa prevenção”, diz.
O que muda na gestação?
Ao longo de toda a gestação, são muitas as transformações no corpo e na rotina da mulher a cada trimestre, e isso também inclui a alimentação e os cuidados com os dentes. No primeiro trimestre, com os enjoos que acontecem com frequência, o principal cuidado é esperar para escovar os dentes após vomitar, caso isso aconteça. “Como o suco gástrico é muito ácido, os dentes já ficam mais sensíveis. O indicado, então, é aguardar em torno de 40 minutos, pois a movimentação da escova pode prejudicar ainda mais a estrutura dental, além de aumentar a sensibilidade”, detalha Juliana. Para essas mulheres, ela indica bochechar água para tirar o gosto ruim da boca.
O mesmo vale para mulheres que, por conta dos enjoos ou da hiperêmese gravídica, estejam consumindo alimentos ácidos.
“Vale ingerir um pouco mais de água para diluir essa acidez e não afetar tanto o PH da boca”, recomenda.
Segundo Juliana, as indicações nessa situação são: beber usando um canudo, para diminuir o contato com a mucosa da boca, usar marcas de pasta dental que não produzem espuma e também esperar 40 minutos para a escovação.
Além disso, a saúde bucal deve ser observada de perto pela gestante, pois as alterações hormonais podem contribuir para o agravamento de possíveis problemas de gengiva.
“O fator determinante para o surgimento de doenças periodontais, como gengivite, sempre é a presença de placa bacteriana. Durante a gestação, a variação dos hormônios se torna um fator agravante para essas doenças. Às vezes, se não estivesse grávida, a mulher nem teria os problemas em decorrência dessa quantidade de placa, mas pela gestação, acaba complicando”, aponta.
Além do impacto na saúde da mulher, é comprovado que problemas periodontais durante a gestação podem levar a partos prematuros e a bebês de baixo peso, já que as bactérias da boca conseguem penetrar a placenta.
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Na hora do tratamento
Existem muitos mitos em relação a tratamentos dentários durante a gestação, inclusive quanto ao uso de anestesia durante a gravidez.
“Se for constatada a necessidade real de uso de anestesia para procedimentos e tratamentos, o profissional deve usar um anestésico sem vasoconstritores. Mas não é verdade que a mulher não pode receber nenhum tratamento durante a gravidez, e por isso existem protocolos para proporcionar a segurança da gestante e do bebê”, comenta Juliana.
A recomendação é que esses procedimentos sejam realizados após o primeiro trimestre, já que nesse período não são indicadas radiografias ou a prescrição de medicações. A exceção é apenas em casos de quadros infecciosos ou inflamatórios, que devem ser avaliados pelo dentista. Procedimentos de clareamento dental e harmonização orofacial devem ser adiados.
Durante a quarentena, como proceder?
Para Juliana, ligar para o seu dentista é o melhor a fazer caso precise de apoio odontológico neste período de distanciamento social.
“Muitas vezes, conseguimos orientar as pacientes a realizar pequenos procedimentos em casa ou providenciar a medicação adequada, e isso já é suficiente para resolver a questão”, orienta.
Já os quadros que impeçam a alimentação e/ou foco de infecção que pode piorar a saúde precisam de uma consulta presencial. Neste caso, siga esse passo a passo:
● Priorize o transporte individual.
● Utilize álcool em gel para higienizar as mãos (é necessário esfregar bem as mãos, não apenas aplicar o produto).
● Utilize máscaras de proteção, mesmo que caseiras.
● Ao chegar em casa, a roupa utilizada vai direto para a máquina de lavar e o banho deve ser dos pés à cabeça (cabelo incluso!). Dê preferência por roupas com zíperes e botões, para evitar que a roupa entre em contato com o rosto, diminuindo as possibilidades de contaminação com a superfície.
● Segundo o Conselho Federal de Odontologia (CFO), a orientação é realizar as consultas com intervalos de 30 minutos para que os pacientes não se encontrem e que as salas fiquem vazias para higienização.
● Para os profissionais, a recomendação é utilizar aventais descartáveis, máscaras N95 e outros equipamentos individuais de proteção.
● Para os pacientes, estão sendo aplicados bochechos de peróxido de hidrogênio
Matéria informativa e muito interessante .
Obrigada Dr Juliana .
Oi, Natalia!
Ficamos felizes que tenha gostado.
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Obrigada!