Cada vez mais, as mulheres estão decidindo adiar a gravidez. Os motivos são inúmeros e legítimos — profissão, finanças e até mesmo a questão afetiva. Conforme os anos passam, porém, aumenta a pressão do chamado “relógio biológico”, o que pode gerar ansiedade nas mulheres que desejam iniciar uma gravidez depois dos 35 anos.
Por se tratar de um tema que gera muitas dúvidas, conversamos com a Ginecologista e Obstetra Erika Narimatsu, que abordou todas as principais questões sobre a gravidez depois dos 35 anos e os possíveis riscos. Ela também deu dicas para engravidar e compartilhou algumas peculiaridades sobre o assunto. Confira!
Por que é mais difícil engravidar depois dos 35 anos
Todas as mulheres já nascem com uma reserva ovariana, ou seja, um estoque de óvulos. Ao longo da vida, essa quantidade diminui e, com isso, caem as chances de engravidar a cada ciclo menstrual.
Após os 35 anos, essa queda na fertilidade se intensifica.
“Há uma redução mais acelerada da quantidade e da qualidade dos óvulos. Consequentemente, há maior dificuldade para engravidar com o passar do tempo”, diz a doutora Erika.
– Entre os 30 e 35 anos, a chance de engravidar é de 15% por ciclo, ou 80% após um ano de tentativas.
– Após os 35 anos, a taxa cai para 9% por ciclo, ou 50% após um ano.
– Com 41 anos, estes números chegam a 4% ao mês ou 20% ao ano.
Dicas para engravidar após os 35
“Toda mulher deve procurar um médico antes de tentar engravidar para avaliar como está a sua saúde para uma possível gestação. Após seis meses, se nada acontecer, deve retornar ao seu ginecologista para uma reavaliação”, orienta a doutora Erika.
Ela também ressalta que bons hábitos podem ajudar a evitar doenças na gestação.
“Pratique atividade física regularmente, tenha uma boa alimentação, evite estresse, não fume e beba com moderação. Se precisar, mude o seu estilo de vida”, diz.
Se a mulher planeja previamente engravidar após os 35 anos, a médica lembra que o congelamento de óvulos é uma boa opção.
“Armazenar seus óvulos numa idade mais precoce garante óvulos de melhor qualidade e com menos risco de alteração genética. É uma forma de aumentar a chance de uma gravidez futura caso as tentativas naturais falhem”, explica.
Por que a gravidez depois dos 35 anos é considerada de risco?
Segundo a médica, o Ministério da Saúde classifica mulheres acima dos 35 anos como gestantes de risco por serem mais vulneráveis a algumas complicações como hipertensão, alterações cardiovasculares, diabetes gestacional, alterações metabólicas, parto prematuro e aborto.
Além disso, conforme a idade avança e a qualidade dos óvulos diminui, aumenta o risco de alterações cromossômicas fetais, sendo a mais comum a Síndrome de Down.
“A chance de nascer um bebê com Síndrome de Down aos 20 anos é de 1 a cada 2.000 nascimentos, aos 35 anos é de 1 a cada 365 nascimentos e aos 40 anos, 1 a cada 100”, conta.
“Mas não se assustem! Isso não quer dizer que todas desenvolvem problemas na gestação”, tranquiliza a médica. A diferença é que, a partir dos 35 anos, é necessário mais cuidado e atenção no pré-natal. “O acolhimento dessa gestante e a empatia são muito importantes, independentemente da idade”, diz.
Entre os cuidados, está a suplementação de vitaminas.
“Eles são muito importantes, porque nem sempre a alimentação é totalmente eficaz em cada fase do crescimento e desenvolvimento de um bebê. E tudo o que queremos é um filho saudável, não é mesmo?”, diz a médica.
Mesmo que a gestante tenha uma alimentação saudável, alguns micronutrientes são muito importantes e devem ser garantidos por meio da suplementação. Destacam-se o metilfolato (forma ativa do ácido fólico), que ajuda a prevenir defeitos na formação do tubo neural, o ômega 3, a vitamina D e o ferro, entre outras vitaminas e minerais.
Vantagens de uma maternidade madura
Mesmo com a pressa do relógio biológico, muitas mulheres escolhem ingressar na maternidade após os 35 anos. A doutora Erika conta que recebe cada vez mais pacientes grávidas em uma fase mais madura. Ela mesma realizou o sonho de ser mãe aos 44 anos.
“Engravidar após 35 anos pode ter algumas vantagens, como ter um relacionamento mais estável para receber mais um integrante, ter mais maturidade emocional, ter um emprego e estabilidade financeira. Aquelas que já tiveram um primeiro filho também já tiveram uma experiência anterior, o que facilita muito na atual gestação e no ato de amamentar e maternar”, diz.
O importante é respeitar o desejo de cada mulher e oferecer o acolhimento para a gestante, seja o momento que for.
“A maternidade tardia é possível, e a mulher precisa estar consciente deste processo e dos riscos. A orientação e a informação são imprescindíveis para esta decisão”, finaliza.
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