Antes de iniciar a jornada da maternidade, entender como engravidar com saúde é um passo fundamental. Além de conhecer o próprio ciclo menstrual, é essencial preparar o corpo com hábitos saudáveis, acompanhamento médico e ajustes no estilo de vida.
Isso inclui também os cuidados com a saúde do parceiro, que tem um papel igualmente importante nessa caminhada.
Para responder às dúvidas mais comuns desse processo, convidamos a Dra. Lara Drummond, Ginecologista e Obstetra. Acompanhe a leitura!
Por onde começar: cuidados antes de tentar engravidar
O primeiro passo é agendar uma consulta pré-concepcional com um ginecologista. Nela, além da revisão do histórico de saúde da mulher, serão solicitados exames laboratoriais, atualização da situação vacinal e a introdução do metilfolato, a forma ativa do ácido fólico. Segundo a Dra. Lara, ele deve ser iniciado idealmente três meses antes da concepção, para prevenir defeitos do tubo neural do bebê.
Nesse início, é essencial que o parceiro também passe por uma avaliação. Embora muitas vezes a atenção esteja voltada ao corpo da mulher, a fertilidade masculina representa cerca de 40% dos fatores envolvidos em dificuldades para engravidar, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A fertilidade é um processo de duas vias. O parceiro deve passar por uma avaliação clínica básica, incluindo histórico de saúde, uso de medicamentos, hábitos de vida e possíveis exposições ocupacionais”, explica a especialista.
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Nutrição que faz a diferença na hora de engravidar
Uma alimentação equilibrada tem papel direto na regulação hormonal, na qualidade dos óvulos e dos espermatozóides. E os benefícios vão além: a escolha dos alimentos a serem ingeridos participa também da saúde futura do bebê.
Por isso, nessa fase, a Dra. destaca alguns nutrientes importantes:
- Ácido fólico: essencial para prevenir malformações no tubo neural do bebê.
- Ferro: previne anemia e prepara o corpo para a gestação.
- Ômega 3: para o desenvolvimento cerebral e visual do bebê, especialmente no terceiro trimestre.
- Vitamina D: auxilia na absorção de cálcio e no desenvolvimento ósseo.
- Vitamina B-12: importante para a formação de células sanguíneas e desenvolvimento do sistema nervoso do bebê.
- Iodo: necessário para a produção de hormônios da tireóide e desenvolvimento cerebral.
Segundo a Dra. Lara, manter uma alimentação variada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras, gorduras boas, como azeite e oleaginosas, e alimentos fontes de ferro e cálcio, é a melhor forma de obter esses nutrientes.
Outro cuidado válido para os futuros pais é evitar os ultraprocessados, além de álcool, açúcar e cafeína em excesso, gorduras trans e dietas restritivas.
Suplementação na preparação para a gravidez: indicações e opções
Nem sempre é possível atingir todos os níveis ideais de vitaminas apenas com a alimentação, por isso, a suplementação orientada é um pilar importante na preparação para a gestação.
A suplementação é indicada quando há carência identificada por exames, dietas restritivas, histórico de cirurgia bariátrica, distúrbios alimentares, doenças inflamatórias intestinais ou em casos de baixa absorção de nutrientes”, explica a especialista.
Mesmo em mulheres saudáveis, o ácido fólico mantém presença universal: segue recomendado para todas as mulheres.
De acordo com a Dra. Lara, a depender da avaliação médica, os homens também podem precisar de suplementos como vitamina C, vitamina E, selênio, zinco e coenzima Q10.
Eles podem melhorar a qualidade espermática em alguns casos, principalmente em homens com infertilidade idiopática, mas não há evidência robusta de que aumentem as taxas de gravidez ou nascidos vivos”, avalia.
Por isso, a decisão pela suplementação deve ser individualizada e realizada sempre com acompanhamento médico.
Estilo de vida e fertilidade: o que pode atrapalhar?
Alguns fatores de estilo de vida podem comprometer a fertilidade, mesmo entre pessoas jovens e saudáveis:
- Estresse crônico: afeta a ovulação e a produção hormonal masculina.
- Falta de sono: interfere na regulação hormonal.
- Sedentarismo: prejudica o metabolismo e aumenta a inflamação.
- Tabagismo e álcool: reduzem a qualidade dos gametas e dificultam a implantação.
Por isso, cuidar da mente e do corpo também conta, e muito, nessa fase de preparação.
Altos níveis de estresse podem interferir no eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, afetando a ovulação e o equilíbrio hormonal. Além disso, casais estressados tendem a ter menos frequência de relações sexuais e mais dificuldades para manter hábitos saudáveis”, alerta a especialista.
Idade e fertilidade: o que considerar?
A fertilidade da mulher começa a declinar naturalmente a partir dos 30 anos. Isso acontece tanto em relação à quantidade de óvulos disponíveis quanto à qualidade deles.
Aos 40, as chances de uma gravidez natural diminuem consideravelmente enquanto os riscos de aborto espontâneo e outras complicações de saúde – para a mãe e o bebê – aumentam.
A partir dos 40, 45 anos, a qualidade espermática pode diminuir com a redução da capacidade de movimento dos espermatozoides e isso pode dificultar a concepção e elevar o risco de alterações genéticas nos embriões”, explica a especialista.
No caso dos homens, embora a produção de espermatozoides continue ao longo da vida, ela também sofre alterações, ainda que de modo mais gradual.
Leia também: Gravidez após os 45 anos: Quais os desafios?
Como saber se está tudo bem para engravidar?
Muitos casais engravidam naturalmente entre seis meses a um ano de tentativas. Se após 12 meses a gravidez não ocorrer, é indicado buscar avaliação especializada para avaliar um cenário possível de infertilidade. No caso de mulheres com mais de 35 anos, a janela de tempo para buscar um especialista é menor – de apenas 6 meses.
Exames como hormônio antimülleriano (AMH), ultrassonografia transvaginal, espermograma, avaliação hormonal masculina, entre outros, podem ajudar a identificar causas e indicar o melhor caminho.
Além disso, antes mesmo desse prazo, deve-se investigar se há fatores de risco conhecidos, como ciclos menstruais irregulares, endometriose, miomas, varicocele ou histórico de infecções pélvicas”, ressalta a Dra. Lara.
Leia também: As principais causas de infertilidade masculina
Checklist pré-gestacional
São muitos os detalhes a considerar nesse processo, e para te ajudar a construir uma caminhada, preparamos um checklist com os principais cuidados antes de engravidar:
- Consulta pré-concepcional agendada.
- Exames laboratoriais e ginecológicos atualizados.
- Vacinação em dia.
- Alimentação equilibrada e variada.
- Suplementação orientada.
- Sono, estresse e estilo de vida sob controle.
- Avaliação de fertilidade masculina (quando necessário).
- Uso de métodos contraceptivos interrompido com orientação médica.
- Tempo e apoio emocional para viver esse momento com tranquilidade.
Engravidar não é apenas uma questão biológica. Envolve autocuidado, planejamento e saúde compartilhada. Com informações de qualidade e apoio especializado, esse caminho pode ser vivido de forma mais leve e consciente.
Se este conteúdo te ajudou a se preparar melhor para esse momento, compartilhe com outras mulheres que também sonham em engravidar. Informação confiável também é um presente valioso!
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