É uma questão física: toda mulher que engravida ganha peso, salvo raríssimas exceções. Mas em uma sociedade pautada pela exigência do corpo perfeito, com padrões impostos por revistas e desfiles de moda, o medo de engordar demais durante a gestação pode dar origem a um problema sério: a pregorexia, termo que nasceu da junção das palavras pregnancy (gestação, em inglês) e anorexia para definir um transtorno preocupante.
“A paciente diagnosticada com pregorexia está em busca de um corpo perfeito, mesmo durante a gravidez, que é uma fase em que o ganho de peso é natural e esperado – levando em conta também a saúde da mãe e do bebê. A preocupação excessiva com o aumento de peso leva a dietas muito restritivas, episódios de compulsão alimentar seguido de vômito, ausência de ganho de peso, uso de diuréticos e laxantes e também de atividade física em excesso”, explica a Ginecologista Obstetra Karine Miranda.
A médica destaca que o excesso de restrições calóricas ou de esforço físico durante a gravidez pode prejudicar tanto a mãe quanto o bebê. “Além da carência de vitaminas e da possibilidade de desnutrição, esses transtornos afetam o psicológico da mãe. Para o bebê, a pregorexia pode significar muitos riscos, incluindo baixo peso, dificuldade de oxigenação fetal e até mesmo abortamento”, aponta.
Passado conturbado
De acordo com Karine, as chances de desenvolver a pregorexia ou outros distúrbios alimentares durante a gestação aumentam em mulheres que já tiveram transtornos similares antes, como bulimia e anorexia.
“É importante que, na primeira consulta do pré-natal, seja feita uma anamnese e um exame minucioso de diversos aspectos do corpo da paciente, assim como uma conversa franca sobre preocupações e comportamentos da mãe. A partir de elementos coletados nessas análises, é possível identificar transtornos alimentares anteriores e, assim, encaminhar para acompanhamento de nutricionista e psicólogo durante a gestação”, afirma.
Acompanhamento constante
Para superar o problema de maneira saudável, o quanto antes o diagnóstico for feito, mais chances a mãe e o bebê terão de vivenciar uma gestação saudável. Ao receber o acompanhamento recomendado, é possível reverter o quadro de baixo peso e carência de nutrientes. Mas, para isso, as consultas mensais com o obstetra são fundamentais.
“Uma vez constatado o distúrbio, a gestante é encaminhada para a ajuda psicológica, pois precisa entender e trabalhar a questão do ganho de peso na gestação, que é perfeitamente normal e saudável. Ela também deve ser acompanhada por um nutricionista, para a implementação de uma dieta adequada, na qual a suplementação com polivitamínicos pode ser um caminho”, afirma Karine.
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