Você sabia que, além do bebê, a mulher também gera um órgão totalmente novo durante a gravidez? Trata-se da placenta, estrutura que divide o espaço do útero com o feto e tem a importante função de fazer a comunicação entre o bebê e o organismo da mãe.
Durante o pré-natal, são avaliados aspectos da placenta que podem influenciar no risco gestacional e até mesmo na via de parto. Por isso, conversamos com o Ginecologista, Obstetra e Especialista em Medicina Fetal Dr. Arlley Cleverson, que fala sobre as principais características e alterações placentárias. Veja no artigo a seguir!
Para que serve a placenta?
O Dr. Arlley resume: “Tudo o que o feto precisa vai passar pela placenta, vindo através da mãe. Essa estrutura é fundamental tanto para a filtragem de substâncias que passam da mãe para o feto como para a produção de hormônios e substâncias que fazem parte do metabolismo materno e fetal. Ela também funciona como um ‘pulmão’ do feto, já que ele faz trocas gasosas por meio da placenta”, diz o médico.
Qual a diferença entre os graus 1, 2 e 3 da placenta?
O Dr. Arlley explica que a classificação de graus atribui o quão “jovem” é a placenta de acordo com aspectos avaliados em um exame de ultrassom. “São avaliadas as mudanças pelas quais a placenta passa durante a gestação e atribui-se graus de 0 a 3, sendo o 0 uma placenta mais ‘nova’ e o 3 uma placenta mais ‘envelhecida’”, diz o médico.
Ele ressalta, porém, que os graus de placenta não sinalizam possíveis riscos na gravidez. Essa avaliação de risco gestacional e de vitalidade fetal deve ser feita com base no doppler obstétrico.
O que significa placenta posterior, anterior e baixa?
O obstetra explica que esses termos se referem à posição da placenta. São eles:
Placenta posterior: significa que ela está fixada na parte de trás do útero, ou seja, mais próxima da coluna.
Placenta anterior: significa que ela está fixada na parte da frente do útero, ou seja, mais próxima do umbigo.
Placenta baixa: significa que ela está próxima do colo uterino, ou seja, do canal de parto. Pode ser tanto posterior baixa quanto anterior baixa.
Alterações placentárias mais comuns
Quando a placenta é motivo de preocupação durante a gestação? O médico destaca três das principais alterações placentárias:
Placenta prévia
“A placenta prévia é um grau mais avançado de placenta baixa, ou seja, é quando ela está baixa após 28 semanas. Por estar próxima ou até encobrindo o colo uterino, não há passagem para o parto normal, então a cesária é necessária”, diz o médico. Saiba mais sobre a placenta prévia.
Descolamento prematuro de placenta
“Ele ocorre quando a placenta está fixada em alguma região no útero e descola. Essa é uma condição que pode trazer risco tanto para a mãe quanto para o bebê. Por isso, precisa ser diagnosticada de maneira adequada prontamente para que a vida fetal e a materna sejam salvas e preservadas”, ressalta o médico.
O Dr. Arlley explica que o descolamento prematuro de placenta está associado a sangramentos que ocorrem na segunda metade da gravidez, especialmente a partir da 26ª semana de gestação. O quadro tem como principal fator de risco a hipertensão na gravidez.
Placenta acreta
A placenta acreta ocorre quando ela fixa para além dos limites esperados dentro do útero. Em casos mais graves, ela chega a se desenvolver do lado de fora do útero e até acometer órgãos próximos, como a bexiga.
“Durante a placentação, existe uma entrada de estruturas da placenta dentro do útero. O acretismo placentário é um resultado de um processo de invasão dessa placenta de maneira mais descoordenada e irregular. E aí acontece de ela ir além do que é esperado, que geralmente é de cerca de um terço da espessura do útero”, explica o médico.
Como a maioria dos casos são assintomáticos, ela é diagnosticada, muitas vezes, apenas na hora do parto, quando se percebe uma dificuldade ou até impossibilidade de se retirar a placenta. Por isso, o protocolo internacional é fazer uma avaliação de risco no início da gestação para posterior investigação de acretismo placentário.
Mulheres cuja placenta está baixa ou próxima a uma cicatriz no útero, como no caso de uma cesariana anterior, têm um risco maior de apresentar placenta acreta.
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