Os cuidados realizados ao longo do pré-natal permitem saber com alguma segurança as principais condições que o bebê em formação pode apresentar, mas elas só são confirmadas no nascimento. Uma vez chegado ao mundo, além de um exame físico completo feito pelo pediatra no pós-parto imediato, a lista de exames do recém-nascido é extensa, e deve ser realizada ao longo das primeiras 48 horas de vida.
Teste do pezinho
Um dos mais conhecidos é o teste do pezinho, oferecido gratuitamente pelo SUS, para identificar a existência de algumas doenças que devem ser diagnosticadas o quanto antes e que necessitam de intervenções para evitar sequelas na criança. Seu papel é identificar a possível presença de:
● Fenilcetonúria, doença genética provocada pela ausência ou queda na atividade da enzima hidroxilase, que pode provocar danos cerebrais, convulsões e deficiência intelectual.
● Hipotireoidismo congênito, a inabilidade de o corpo produzir o hormônio T4, que diminui o metabolismo e impede o crescimento adequado e o desenvolvimento físico e mental do bebê.
● Fibrose cística, condição crônica que atinge pulmões, pâncreas e sistema digestivo e está relacionada à má absorção intestinal, impedindo a criança de ganhar peso, mesmo com uma boa alimentação; além de complicações pulmonares graves.
● Anemia falciforme, uma alteração nas estruturas das moléculas de hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio no corpo. A anemia falciforme é uma enfermidade genética e hereditária que provoca anemia, dores intensas, fadiga e pode atrasar o crescimento do bebê, além de ocasionar problemas crônicos renais e cardiovasculares.
● Hiperplasia adrenal congênita, uma doença rara causada pela produção insuficiente das enzimas envolvidas na síntese do cortisol no córtex adrenal, e afeta o crescimento e o desenvolvimento normais de uma criança.
● Deficiência de biotinidase, condição crônica e rara associada à baixa ou nenhuma produção da enzima biotinidase, e por consequência pouca absorção da biotina, vitamina existente nos alimentos. Dentre as manifestações da deficiência estão distúrbios neurológicos e cutâneos, como crises epiléticas, hipotonia, microcefalia, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, alopecia e dermatite eczematoide, além de distúrbios visuais e auditivos, atraso motor e de linguagem.
Uma versão estendida do teste do pezinho amplia a lista de doenças investigadas para quase 50. Além disso, existe uma verificação de deficiências de imunidade chamada SCID/AGAMA que pode ser feita na mesma ocasião do teste do pezinho.
Olhos, ouvidos, boca e… coração
Para confirmar que tudo correu bem durante a gestação, outros três testes são fundamentais:
Teste do Olhinho: ou Teste do Reflexo Vermelho, analisa e detecta qualquer alteração que cause obstrução na entrada de luz nos olhos, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas. O diagnóstico precoce pode possibilitar o tratamento no tempo adequado para garantir o desenvolvimento normal da visão.
Teste do Ouvidinho: ou Triagem Neonatal Auditiva, identifica possíveis problemas auditivos no recém-nascido. Desde 2010, segundo a lei brasileira, nenhuma criança pode sair da maternidade antes da realização desse teste.
Teste da Linguinha: realizado na boca, por um fonoaudiólogo, para avaliar a inserção do freio lingual, que pode dificultar a pega e a amamentação se for muito anterior. A avaliação (e intervenção) precoce ajuda o bebê a mamar, o aumento da taxa de aleitamento materno exclusivo com sucesso e é quase indolor.
Teste do Coração: analisa, com a ajuda de um oxímetro (uma espécie de pulseirinha), a oxigenação do sangue do bebê para detectar problemas cardíacos – a terceira maior causa de morte em recém-nascidos.
Caso o bebê desenvolva icterícia, também é necessário monitorar a quantidade de bilirrubina no organismo, por isso, talvez seja preciso coletar amostras de sangue ainda na maternidade.
SAIBA MAIS
- Cuidados na gravidez: conheça os profissionais que podem acompanhar a sua
- Como acontece o desenvolvimento do bebê no útero da gestante?
- Dicas de amamentação: baixe nosso e-book!
Vacinas: a saga começa cedo
Ainda na maternidade, o recém-nascido recebe a primeira dose da vacina de hepatite B e BCG, que protege contra as formas mais graves de tuberculose, como nos ossos, no cérebro, nos rins e no intestino, além da meningite.
Uma vez em casa, as próximas “picadas” vêm aos dois meses de vida, com a segunda dose de Hepatite B, além das primeiras doses da vacina Pentavalente (que previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B), a vacina contra Poliomelite, Pneumocócica 10/13 valente (previne a pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) e a vacina contra o Rotavírus humano (que previne a diarreia causada pelo rotavírus).
O calendário de vacinação de uma criança segue até os 10 anos de idade, num total de 15 imunizações diferentes, recomendadas pelo Ministério da Saúde. Além de seguir as recomendações, é importante respeitar o prazo de cada uma delas, pois existem intervalos entre algumas doses.
Fizemos todos os testes disponíveis na época em que nossa filha nasceu!! Mas de la para cá, 10 anos, novos testes surgiram.