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Afinal, o que é parentalidade?

Descubra os diferentes estilos parentais e como a relação dos cuidadores pode influenciar a criação dos filhos

Em cada gesto na criação de um filho, ecoam as vozes e as experiências da nossa própria infância. Quebrar ciclos, evitar a repetição de padrões negativos e construir uma relação baseada em respeito e afeto é o grande desafio da parentalidade consciente. Para nos ajudar a iluminar esse caminho, conversamos com a Psicóloga Viviane Barreto.

Qual é o significado de parentalidade?

O termo parentalidade foi inicialmente usado pelo Psicanalista francês Paul-Claude Racamier, no início da década de 1960. Ele define a parentalidade como o processo psíquico de transformação pelo qual um adulto se torna pai, mãe ou cuidador responsável por uma criança. Não se trata de um estado, mas de um amadurecimento que envolve tanto as funções práticas do cuidado quanto uma profunda reorganização da vida mental e afetiva do indivíduo, reativada pela chegada de um filho.

Nessa jornada, o autoconhecimento é uma ferramenta poderosa. “Cuidar da sua criança interior é essencial para não deixar que o passado atrapalhe a criação do seu filho”, destaca Viviane. 

Isso significa que nossas experiências passadas, medos e traumas podem influenciar esse processo. Por exemplo: pessoas que vivenciaram punições físicas muitas vezes repetem essas práticas com os seus filhos, caracterizando um ciclo intergeracional da violência. 

É importante curar essas feridas e entender nossas emoções, evitando descontar frustrações nos momentos de desafio ou repetir, sem perceber, padrões negativos que aprendemos em nossa própria criação. 

Quais os diferentes tipos de parentalidade?

Estilos parentais são os padrões de atitudes e práticas que os pais utilizam para educar seus filhos. O modelo mais famoso e estudado foi desenvolvido pela Psicóloga Diana Baumrind nos anos 1960. Ela identificou quatro tipos principais, baseados em dois fatores: o nível de exigência e de controle (as regras e expectativas) e o nível de afeto e de responsividade (o carinho e o acolhimento).

1. Parentalidade autoritária

“Este é o estilo da criação com medo e pouco diálogo”, explica Viviane. Pais e cuidadores autoritários valorizam a obediência e a ordem acima de tudo, usando um controle rígido e punições para moldar o comportamento dos filhos. Essa prática pode gerar filhos obedientes, mas também inseguros, com baixa autoestima, dificuldade de tomar decisões e, por vezes, rebeldes e agressivos fora de casa.

2. Parentalidade permissiva

Pais e cuidadores permissivos são muito afetuosos e acolhedores, mas têm grande dificuldade em impor regras e limites. Agem mais como amigos do que como figuras de autoridade. Não há auto responsabilidade e comprometimento sobre suas ações”, alerta a psicóloga. Tende a criar crianças com dificuldade de lidar com frustrações, impulsivas, com pouca responsabilidade e que podem ter problemas de relacionamento por não saberem respeitar limites.

3. Parentalidade negligente (ou ausente)

Neste estilo, os pais ou cuidadores estão ausentes, tanto em termos de afeto, quanto de regras. Eles fornecem o básico, como comida e abrigo, mas não se envolvem emocionalmente nem estabelecem a supervisão na vida dos filhos. As crianças podem desenvolver baixa autoestima, problemas de comportamento, dificuldades de aprendizado e de criar vínculos afetivos saudáveis.

4. Parentalidade democrática ou autoritativa

Considerado pela maioria dos especialistas como o estilo mais equilibrado e benéfico, pois combina firmeza com afeto. Eles estabelecem regras claras, algumas delas inegociáveis, mas estão abertos ao diálogo e explicam os motivos de suas decisões. Geralmente resulta em crianças mais seguras, responsáveis, com boa autoestima, competência social e bom desempenho acadêmico.

O que é parentalidade positiva?

A parentalidade positiva é uma abordagem de educação que busca criar os filhos com base no respeito mútuo, na empatia e na comunicação não violenta, em vez de focar em castigos, punições ou autoritarismo. Seu objetivo central é construir um vínculo forte e seguro entre pais e filhos, guiando a criança com firmeza e gentileza ao mesmo tempo.

Os principais pilares da parentalidade positiva são:

  • Foco no longo prazo: entender que a educação visa formar um adulto responsável, empático e seguro, e não apenas obter obediência imediata.
  • Conexão antes da correção: buscar entender o sentimento ou a necessidade por trás de um mau comportamento antes de corrigi-lo.
  • Respeito mútuo: tratar a criança com a mesma dignidade e respeito que se espera de um adulto.
  • Disciplina que ensina: usar os desafios e os erros como oportunidades para ensinar habilidades socioemocionais, como lidar com a frustração e resolver problemas, em vez de apenas punir.
  • Validação dos sentimentos: acolher e validar todas as emoções da criança mesmo que o comportamento precise ser corrigido, ensinando-a a nomear e a lidar com o que sente.

Qual a diferença entre impor limites e ser autoritário? Como encontrar esse equilíbrio?

Para Viviane, a chave é entender que limites não são apenas proibições, mas a criação de uma estrutura previsível e segura para a criança. Nesse processo, o ambiente e as regras consistentes se tornam ferramentas essenciais.

“As crianças gostam e precisam de rotina. Isso vai ajudá-las a exercer a disciplina e aprender a fazer o que tem que ser feito”, esclarece Viviane. 

Não é sobre submissão, mas sobre o desenvolvimento de habilidades importantes para a vida. Elas obedecem por entender a ordem e o propósito das coisas, e não por medo da punição.

A diferença fundamental está na intenção e na abordagem. Impor limites é sobre ensinar e proteger; ser autoritário é sobre controlar e dominar. Um age como um guia; o outro, como um chefe.

Impor limitesSer autoritário
Intenção principalEducar para o futuro, ensinar autocontrole e proteger a criança.Obter obediência imediata, reafirmar poder e evitar ser desafiado.
FocoNo comportamento inadequado.“Isso que você fez não foi legal”Na criança como um todo.“Você é desobediente”
ComunicaçãoDiálogo. As regras são claras e explicadas. “A regra é essa porque…”Monólogo. As regras são ordens sem explicação. “Porque eu mandei!”
EmoçõesAs emoções da criança são validadas, mesmo que o comportamento seja corrigido. “Eu entendo que você está bravo, mas não pode bater”As emoções da criança são invalidadas ou reprimidas.“Pare de chorar, isso não é motivo para ficar assim”
ConsequênciasFocadas no aprendizado. São lógicas e relacionadas ao ato. “Se você não guardar os brinquedos, não teremos espaço para brincar depois”Focadas na punição. São arbitrárias e baseadas no medo. “Se você não guardar os brinquedos, vai ficar de castigo no quarto”
Resultado a longo prazoDesenvolve segurança, responsabilidade, inteligência emocional e um vínculo de confiança com os pais.Desenvolve medo, insegurança, baixa autoestima, rebeldia ou submissão excessiva. O vínculo é baseado em temor, não em respeito.

Viviane também destaca que dar o exemplo é indispensável. “As atitudes são a melhor influência para as crianças, pois elas observam, sentem e repetem os comportamentos dos pais. São eles que sinalizam os valores que fazem parte da família”, alerta.

Conjugalidade e parentalidade: o impacto da relação do casal na criação dos filhos

A qualidade da aliança entre os parceiros é um dos fatores que mais influenciam o bem-estar e o desenvolvimento das crianças. “Um ambiente com presença de brigas, falta de respeito e gritos cria um clima de instabilidade e estresse. Além disso, quando um dos parceiros está sobrecarregado, a desigualdade na divisão de tarefas gera um esgotamento que afeta a qualidade do cuidado”, alerta a psicóloga.

Viviane ressalta que nutrir a individualidade e o autocuidado permite recarregar as energias para exercer uma parentalidade mais presente e paciente. “É uma condição fundamental para a saúde mental de todos. Reservar um tempo para si, um para o casal e outro para a família deve ser uma prioridade”, orienta.

Para evitar que os filhos fiquem no meio de visões conflitantes sobre educação, o caminho é o diálogo contínuo, buscando um consenso e a consistência das regras. Eles não precisam pensar exatamente igual, mas sim atuar como um time coeso, no qual as regras são definidas em conjunto e um apoia as decisões do outro na presença dos filhos, sem desautorizar o parceiro publicamente.

E quando a conjugalidade chega ao fim com o divórcio? “Nesse caso, é preciso que ambos tenham maturidade e pensem sempre no bem-estar da criança em primeiro lugar, sem usá-la na tentativa de ‘castigar’ o ex-parceiro”, finaliza.


Agora que você já compreendeu o amplo universo da parentalidade, que tal se aprofundar em um de seus pilares mais importantes? Descubra o que é a maternagem e sua importância no vínculo com o bebê.


Referências

Gorin MC, Mello R, Machado RN, Féres-Carneiro T. O estatuto contemporâneo da parentalidade. Rev SPAGESP [Internet]. 2015 [citado 2025 out 5];16(2):4-19. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702015000200002

Weber LND, Salzano SDM, Viezzer AP. Estilos parentais e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. In: Weber LND, organizadora. Novas contribuições da psicologia para a compreensão de famílias e suas crianças [Internet]. Curitiba: Juruá Editora; 2011 [citado 2025 out 5]. p. 57-71. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Lidia-Weber/publication/281432172_Estilos_parentais_e_o_desenvolvimento_de_criancas_e_adolescentes/links/55e5ba8108ae65b63496924c/Estilos-parentais-e-o-desenvolvimento-de-criancas-e-adolescentes.pdf
Fundo das Nações Unidas para a Infância. O Cuidado Integral e a Parentalidade Positiva na Primeira Infância [Internet]. Brasília (DF): UNICEF; 2022 [citado 2025 out 5]. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/23611/file/o-cuidado-integral-e-a-parentalidade-positiva-na-primeira-infancia.pdf

Viviane Barreto
Psicóloga há 20 anos, casada, mãe de 2, uma mulher que adora se cuidar e viver uma maternidade leve.

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