Alterações de humor, do sono e da libido, fadiga, tristeza profunda, dificuldade de concentração, desinteresse pelas atividades do dia a dia e até mesmo doenças psicossomáticas: de acordo com a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, esses sintomas típicos de um quadro depressivo também podem indicar uma depressão na gestação ou uma depressão pós-parto. A diferença é que, no segundo caso, o quadro é acrescido da sensação de incapacidade de cuidar do bebê ou do desinteresse por ele. De acordo com estudo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz em 2016, no Brasil, 25% das mães passam por isso.
Mas qual a diferença entre tristeza e depressão?
As emoções que envolvem todo o processo da maternidade costumam ser muito intensas, por isso a Psicóloga Mariana Garcez Ribeiro, especializada em puerpério, alerta:
todo o ciclo gravídico-puerperal, que compreende o período da gestação, parto e puerpério, é considerado um período de risco para o psiquismo, devido à intensidade da experiência vivida pela mulher. Por isso é muito importante que tanto a gestante, quanto a mulher que acabou de parir estejam assistidas, tenham uma rede de suporte que as ampare. Isso vale para as questões práticas da rotina de cuidados com o bebê e também para suas necessidades primordiais de alimentação, descanso e bem estar. E se algum dos sintomas perdurarem por mais de 30 dias, é necessário procurar ajuda profissional – que, no caso da depressão, exige acompanhamento psicológico e psiquiátrico”, completa.
Baby blues
Segundo Mariana, existe um quadro semelhante à depressão pós-parto, mas com sintomas menos intensos e que não incapacita a mulher nesse processo.
“A Tristeza Materna, que vem do inglês Baby Blues, é um estado de humor depressivo, de sensibilidade extrema e que condiz com as muitas tarefas de elaboração psíquica que a mulher precisa fazer neste período para constituir-se como mãe daquele bebê que acaba de chegar. Esse quadro acomete cerca de 80% das mulheres e costuma aparecer a partir da primeira semana após o parto”, comenta.
Como pedir ajuda?
Na maior parte das vezes, uma rede de apoio formada pelos familiares, mas também por amigos, vizinhos ou mesmo profissionais da saúde, pode ser fundamental para ajudar a mulher a superar ou mesmo a não desenvolver o quadro.
Se a gestante ou a mãe não tem pessoas com quem se sinta à vontade para pedir ajuda, vale fazer uma busca por grupos de apoio que tanto podem ser formados por profissionais, como por outras mães organizadas para se ajudar. O Instituto Gerar, por exemplo, oferece grupos de apoio e uma rede de profissionais especializados em atender a essas demandas tão importantes, em diversos Estados do país. Em São Paulo, na capital, o grupo Primeiras Histórias, do qual Mariana faz parte, conta com uma rede de psicólogas especializadas em puerpério e em atendimentos domiciliares.
Como ajudar?
Como diz o ditado, “se conselho fosse bom, não seria dado”, por isso Mariana recomenda que quem acompanha uma gestante ou uma mãe recém-nascida ofereça seu apoio e sua presença, deixando de lado os famosos “palpites”.
“Nesse momento, tudo o que a mãe precisa é ser apoiada e não julgada, portanto são importantes as atitudes de compreensão por parte daqueles que estão ao seu lado, para que a mulher se sinta à vontade para dizer como se sente de verdade”, finaliza.
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